Dj Mynno Entrevista Ivan Zuchi

| | sexta-feira, 11 de dezembro de 2009




















Indiscutivelmente cultural! assim posso definir esse bate papo como o Jornalista Ivan Zuchi, 48 anos, Gaúcho, Colorado, como toda pessoa nascida nas terras do Rio Grande Ivan tem a cultura nas veias e nos da uma contribuição incrível e enche esse simples blog de orgulho! Deus Salve o Rio
Grande do Sul! confiram


Nome: Ivan Luis Zuchi

Idade: 48

Profissão: Jornalista

Cidade Natal: Marcelino Ramos - RS

Paginas da Internet: ivanzuchi.com.br (blog em reconstrução)

Fale-nos um pouco de como você escolheu sua profissão e como é hoje a sua vida profissional?
Iniciei no jornalismo em 1980, aos 19 anos, pela mão do destino, ou melhor, pela mão de um amigo, que já trabalhava em jornal. Como eu gostava de ler (era o que se costumava chamar de rato de biblioteca) e escrevia razoavelmente bem, fui parar na redação de um jornal de Curitiba para fazer a função de copy-desk – hoje já extinta. Foi paixão à primeira vista. Adorava aquele ambiente de intelectuais – a maioria comunistas marxistas – que queriam mudar o mundo e romantizavam o jornalismo.
Depois disso foram muitas emissoras de rádio e outros jornais por várias cidades até retornar a Curitiba, onde atuo como assessor de imprensa, correspondente de rádios e freela para jornais e revistas.

Qual sua musica, seu filme, seu livro, seu artista prediletos?
Pergunta difícil, já que são os muitos os filmes e livros preferidos. Acho que os humanistas me cativaram na literatura (Victor Hugo, Emile Zola) e o marginal Dostoievski com Irmãos Karamazov. No Brasil os preferidos são Guimarães Rosa, Rubem Fonseca, João Ubaldo Ribeiro e Érico Veríssimo, não necessariamente nessa ordem. Mas há muitos outros. Filmes? Bom precisaria do resto da página: prefiro os dramas humanos que te fazem sofrer (a gente sempre cresce na dor e aprende a ser solidário).

Muito se fala hoje em dia no homem moderno, para você qual o perfil do verdadeiro homem moderno? E qual seria o perfil ideal da mulher para estar ao lado desse homem.
Acho que o conceito de ‘moderno’ se perdeu no tempo. Até porque a modernidade inicia com a revolução industrial no século XIX. Mas penso que há um homem neomoderno que saiu da caverna e aprendeu a dividir tarefas caseiras com a companheira. É, ao mesmo tempo, forte e carinhoso; expressa seus sentimentos sem constrangimento e domina as tecnologias do seu tempo. Penso que me encaixo nesse perfil. O perfil ideal é o da minha mulher: meiga, carinhosa, doce, inteligente e com personalidade forte.

O atual panorama cultural brasileiro nos leva a uma invasão de nossos lares das mulheres frutas, o que para muitos leva a uma desvalorização da cultura em geral, qual o seu posicionamento a respeito dessas situações?
Acho isso constrangedor e extremamente depreciativo para a mulher. Mas está no nosso DNA cultural. Não estaria na TV se não houvesse demanda. A exposição da mulher vai acabar quando evoluirmos como sociedade – e essa discussão demanda muito mais tempo e envolve a questão da educação. A maioria desas ‘mulheres-fruta’ não leu mais do que um livro na vida. E a absoluta maioria dos ‘machos’ que assistem e valorizam esses programas tem baixa intelectualidade. O mesmo fenômeno ocorre nos estádios, onde impera a testosterona: músculos demais e cérebro de menos.

Recentemente o Brasil e o mundo foi surpreendido pelo episódio que envolveu uma aluna de uma universidade por conta de suas roupas, esse episódio rendeu debates e discussões em vários ramos da sociedade. Na sua opinião, o que aconteceu para que algo tão simples tivesse tanta repercussão e qual a sua visão do caso?
Li e escrevi muito a respeito do caso. Manifestei-me radicalmente contra aquele linchamento no twitter.
Na verdade aquele episódio chocou quem se imaginava num país mais evoluído culturalmente. A reação que vimos daquela turba enfurecida poderia ser considerada normal em países onde impera o fundamentalismo religioso do islã, onde as mulheres são objetos-propriedade dos homens e ainda são apedrejadas por adultério. Não há como justificar essa reação numa universidade no Brasil. Foi deprimente e revelou que abaixo do verniz de civilidade o Brasil ainda tem uma sociedade atrasada, preconceituosa e hipócrita.

A recente história política de nosso país vem mostrando fatos muito interessantes de corrupção tanto na esfera do governo como na oposição, apenas citando um exemplo: a colocação de dinheiro em malas, meias e cuecas, mensalão entre outros, qual o sentimento que na sua opinião move tais ações?
A corrupção é inerente ao homem. Veja a história das grandes civilizações da antiguidade. Egito, Babilônia, Pérsia, Roma... Todos caíram minados pela corrupção. Historicamente o poder se estabelece de duas formas: pela força dos exércitos e pela corrupção. Nem a Grécia, com todos os seus filósofos, escapa à essa regra.
A mesma história mostra que os níveis de corrupção estão proporcionalmente vinculados ao nível de desenvolvimento humano, o que comumente se convencionou chamar de ‘civilização’. Não é por coincidência que os países com os menores níveos de corrupção também são os mais civilizados: Suécia, Finlândia, Islândia, Alemanha, Suíça, etc. E não me refiro ao nível de desenvolvimento tecnológico, onde entrariam EUA, Inglaterra, França e Japão, entre outros. Falo dos países com elevado IDH – Índice de Desenvolvimento Humano. Em outras palavras: países onde as pessoas são evoluídas e onde o Estado provê serviços de qualidade
.

Já está em exibição um filme que conta a vida do presidente. Qual a sua visão sobre esse filme e sua opinião sobre seu real objetivo?
É inegável a trajetória de luta e vitória do presidente Lula. Parte de sua história se assemelha à da maioria dos brasileiros, sobretudo dos retirantes nordestinos, que vieram para São Paulo em busca de melhor qualidade de vida. Igualmente importante foi sua contribuição ao país como líder sindical e depois político, com a fundação do PT, que quebrou uma hegemonia de poder das elites brasileiras.
Penso que o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva carregou consigo as esperanças desse povo que se identificou com ele, como eu. Votei no presidente Lula porque esperava uma mudança de paradigmas e apostava que o PT fosse promover um rompimento com a velha política e seus vícios, dos quais a corrupção é o mais perverso. Mas não foi isso que aconteceu. O PT mostrou ser igual ou pior, porque ‘nunca antes na história desse país vimos tanta corrupção’.
Quanto ao filme, não vejo que haja qualquer outro objetivo além de mitificar a figura de Lula como grande brasileiro. Ele está terminando seu mandato e está provado que prestígio não se transfere, como se pode perceber pelo desempenho da ministra Dilma (suposta candidata do PT) nas pesquisas.

Em todo mundo existem pessoas consideradas formadoras de opinião. Deixando um pouco a política de lado, no Brasil grande parte desses formadores são os artistas e recentemente temos visto que vários deles na tentativa de reavivar suas carreiras se encaminharam para o ramo do entretenimento adulto (filmes eróticos) o que você tem a dizer sobre isso?
A experiência me ensinou que boa parte de nossas escolhas são circunstanciais. Acho que nem sempre é possível ter pleno domínio das decisões do que vamos fazer profissionalmente. Também não acho que sejam tantos casos assim de artistas que migraram para este tipo de atividade. Mas é uma opção. Compra quem quer. Há público para tudo numa sociedade diversificada – e ‘sexualizada’ - como a nossa.
Estou convicto de que na mídia as novelas provocam mais dano social do que o erotismo no cinema. Os folhetins eletrônicos sedam e idiotizam as pessoas. As novelas serviram bem ao propósito da ditadura militar. Enquanto a massa estava hipnotizada na frente na TV, não havia risco de reações populares contra o regime. O problema é que a TV continua fazendo a mesma coisa. Dá pra contar nos dedos os programas com o mínimo de inteligência na TV aberta.

Fato relevante e muito divulgado por toda mídia é o crescente interesse dos jovens por jogos onde o tema principal é a violência. Há pouco mais de um ano o Brasil assistiu perplexo a trágica morte da jovem Eloá, vitma do ex namorado. Na sua opinião tal ação é fruto de produtos que incitam a violência; fruto de uma má educação familiar ou resultado de inúmeras falhas em várias esferas da vida a qual o jovem brasileiro é submetido?
A pergunta é complexa e a resposta mais ainda. Estuda-se muito esses fenômenos sociológicos em comunicação. Há uma conjugação de fatores: o jovem que matou Eloá é um retrato dessa geração perdida do Brasil: pouca escolaridade (faltou escola de qualidade), baixo nível intelectual – e isso tem a ver com a condição social, e perturbação psicológica, etc. Os mesmos jogos violentos são jogados por jovens na Suécia e Finlândia e nem por isso eles saem matando namoradas. Para usar uma expressão bem popular: “é outro nível”.

Se você pudesse dar um prêmio a um personagem da história Brasileira em todos os tempos a quem você daria?
Difícil responder com apenas um nome. Há algumas pessoas que conheci e entrevistei que se tornaram heróis pelo conjunto da obra que realizaram pelo país: Betinho, Henfil (irmãos), Leonel Brizola e tantos outros. Se tivesse que premiar alguém premiaria os muitos anônimos que morreram lutando por um país melhor e cujos nomes não vamos encontrar nos livros de história.

Você é a favor ou contra a legalização do aborto e da pena de morte no Brasil?
Pessoalmente contra o aborto. Mas acho que trata-se de uma escolha individual da mulher. Dela, do parceiro (se houver) e de ninguém mais. Quem vai carregar e criar o filho ou não é ela. E também ela responderá pelo ato que cometer psicológica e espiritualmente. Não acho que seja algo para a sociedade decidir. E absolutamente a favor da pena de morte. Confesso que já pensei diferente. Mas o tempo e a vivência me mostraram que há monstros perversos e insanos que precisam ser extirpados da sociedade. Matar é mais humano do que deixar alguém apodrecendo num presídio. E mais barato!

Qual a sua opinião sobre a união de pessoas do mesmo sexo?
Quem foi que disse que só pode existir amor entre pessoas de sexos diferentes? A homossexualidade é algo tão antigo como a humanidade. Homens e mulheres já faziam sexo entre si nas cavernas e isso continuou ao longo da história. Não sou homossexual. Sou um homem permanentemente fascinado pelas mulheres. Mas não discrimino nem condeno quem pensa ou tem sentimentos diferentes de mim.

Mudando um pouco de assunto e partindo pra maior paixão Brasileira, o futebol, o que você achou do resultado final do campeonato Brasileiro de 2009? Na sua opinião esse campeonato será marcado como o campeonato das malas brancas ou o campeonato da arrancada de um time considerado por muitos como não favorito a conquista?
O título do Brasileirão de 2009 esteve em várias mãos. Primeiro na mão do Inter (o meu time do coração), que liderou no início e tinha time pra chegar, mas desperdiçou as oportunidades que teve. A maior delas a derrota para o Botafogo no Beira-Rio. Depois o título esteve na mão do Palmeiras, que liderou por 19 rodadas. Depois com o São Paulo, que tinha tudo pra chegar. E no fim com o Flamengo. O Inter deu azar de ter o Grêmio na combinação de resultados. (risos)

O ano que chega você acha que será marcado como o ano?
Da mudança. De governo, de modelos, de conceitos. Pelo menos é o que eu espero.

Quais os seus desejos pra 2010?
Que minha filha volte pra casa (ficou fora pra estudar, mas está terminando a faculdade) e que eu possa migrar para uma praia do Nordeste... (risos)

Se você fosse te entrevistar qual seria a pergunta que você gostaria de lhe fazer? E qual seria a resposta?
Inusitada essa... Por que não mudou de país quando teve oportunidade? Porque faltou coragem.

E pra terminar suas considerações finais.
Espero que as pessoas não esperem ficar velhas pra descobrir que é possível ser feliz, mesmo nesse país de tantas injustiças.

[Reprodução permitida desde que seja informada a Fonte: www.blogdomynno.blogspot.com]

Um comentário:

Kátia Farinha disse...

Ivan, será que você lembra de mim? sou aquela amiga sua e da Kéia ( que eu nunca esqueci). Meu nome é Rosane Peretti (Peretti).Por favor eu quero muito entrar em contato com vocês, matar as saudades da Kéia. Deixo meu telefone pra contato 99527833 ou 3451 4406. Ainda moro aqui em pimenta Bueno - RO. Fale com a Kéia e peça pra ela me ligar. saudades - abraços.

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