Humildando-se

| | sábado, 19 de dezembro de 2009




















" Ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais..."

Essa noite eu tive um sonho...
Sonhei que havia sido transportado para o lombo de Apache para o meio de uma comitiva que percorria a estrada da minha vida e ao meu lado um velho berranteiro percorria a estrada me mostrando as cenas da minha vida. Levava comigo apenas uma capa e uma cuia de chimarrão, uma velha muda de roupas e um chapéu cheio da poeira da estrada, enquanto mateava o " veio" ia me mostrando cenas da minha vida na forma que naquele momento pareciam as cidades, vilas, vilarejos e povoados que estavam nesse caminho que ia sendo construído pouco a pouco pelas pessoas que passaram por minha vida cada uma levando um pouco de mim e deixando um pouco delas.
Numa dessas primeiras paradas pude reencontrar um homem com as veias da perna bem grandes e que pedia a meus pais uma lata de leite para alimentar o filho e logo depois relembrei uma frase que disse a minha mãe: " se eu fosse médico mãe curaria esse moço pra ele não precisar pedir nada a ninguém" minha estrada nesse momento só tinha cinco anos e naquele momento eu havia sonhado o sonho da minha vida.
Puder rever e abraçar meu avó, enquanto andava pelas ruas com meu carrão vermelho de formula 1 ou ate mesmo puxando um onibus com barbante. Senti novamente a saudade da tia Gilda naqueles momentos que ela ia embora pra Angra.
Estive de novo numa noite dentro do carro indo ver pela primeira vez o mar e pude caminhar de mãos dadas com a Landa pelas areias de Piúma.
Em uma vila bem pequena e linda me vi correndo de kart um pouco mais velho pelas ruas de Piúma e me vi sentado em uma mesa olhando nos olhos do meu primeiro amor,revendo o sorriso de Michelli e depois voltando pra casa chorando na certeza de que nunca mais a veria, reencontrei Patricia uma amiga que me fez e muita falta por anos.
O tempo ia passando e os caminhos sendo compostos como um quebra cabeças e o " veio" contando os causos da minha vida, coisas que eu nem mais me lembrava e que naquele momento passavam por minha mente como se eu estivesse os vivendo naquele instante.
Me vi vibrando numa arena de rodeios em barbacena, saltando muros e tomando pinga com maracuja com os amigos da escola agricola, dançando forró e aprendendo a gostar de moda sertaneja. Estive com David, Carioca, Damas, Andressa, Carla, Lu, Jacqueline, Josi e muitas outras pessoas.
Cheguei ao meu tempo de escoteiro e quando eu treinava o Lucas no motocross, as aventuras nos acampamentos e o desejo da vitoria, logo depois estava no centro cirurgico passando pelas minhas cirurgias e alguns dias depois na ordenação do Pe Wilson, novamente operado passei pelas brincadeiras do Maurilio e do Danilo no carnaval.
A passagem por São Paulo e a Canção Nova, as palestras do Pe Léo; Os shows do Kherygmma e a nossa humilhação.
A faculdade de Muriaé e os grandes amigos que fiz por lá, as peladas e os jogos de voley com o Jaymão, as aulas do Lucio, Larissa, Celber as vitorias e derrotas daquele tempo.
Nesse momento senti que apache ficou nervoso e me jogou ao chão e quando acordei momentos depois estava deitado na poeira da estrada e não mais me reconhecia pois eu havia me tornado um homem fraco e cambaleante, as cenas da minha vida já não mais passavam e a estrada estava vazia, voltei fraco ao lombo de Apache meio que sem forças e com medo de cair novamente na estrada quando ao longe avistamos uma jovem na estrada foi quando mais uma vez minhas forças me traíram e eu cai do cavalo. Me senti fora daquele corpo chagado e podia ver meu corpo todo ferido e deitado em uma cama simples de uma dessas paradas tinha minhas feridas cuidadas por essa jovem dia após dia, semana após semana numa dedicação incrível para que eu pudesse voltar a estrada e continuar a seguir os passos da minha vida.
O tempo passou e as feridas se curaram e antes que eu pudesse tomar de novo a estrada da minha vida no caminho do horizonte pra onde a frase que eu disse aos 5 anos apontava perguntei a essa jovem seu nome e ela disse Thainá Lopes.
Subi em meu cavalo e momentos depois apeava num lugar chamado realização transpassei os portões de meu sonho e antes que pudesse viver qualquer outra coisa...
Ouvi a Frase " Penso que cumprir a vida seja simplesmente compreender a marcha e tocando em frente, como um velho boiadeiro levando a boiada eu tocando os dias pela longa estrada..."
Havia acordado ao som de Renato Teixeira.


Mauricio Gil Cavalcanti
Mynno



Nenhum comentário:

Postar um comentário